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O segredo: Ressonância e  projeção

 

Agora que a sua voz já está  preparada para entrar em ação vamos às dicas que você está esperando. Vamos  trabalhar dois conceitos que às vezes são considerados como uma coisa só. Na  verdade eles são extensões de uma mesma ação por isso são interdependentes: a  ressonância e a projeção do som.

Ressonância é a amplificação do som gerado na laringe pela vibração das  pregas vocais. Ao passar pelas pregas vocais o ar produz som, quando  articulamos esse som com os lábios e a língua criamos a fala e o canto.

O som pode ser dirigido para áreas especificas no corpo chamadas caixas  ou cavidades de ressonância, que estão principalmente na cabeça onde o som pode  circular, ser modulado e aumentar de volume antes de ser projetado. Para  a técnica vocal (o canto), precisamos dar especial atenção aos ressonadores da  face. Na prática o som precisa ressoar na parte da frente da boca, na face e  até mesmo no crânio, em casos de sons bem agudos, as notas mais graves também  ressoam no peito. Quando a voz ressoa na garganta não tem brilho, corpo nem  potência, mesmo que tenha um timbre bonito. É necessário identificar essas  áreas em seu corpo e dominar a passagem de uma região a outra sem perder a  qualidade do som.

A projeção da voz se aplica ao  alcance do som depois de moldado nas caixas de ressonância, depois de  reconhecer os pontos de ressonância em seu corpo e ser capaz de passar de uma  região a outra conforme as necessidades.

Preste bastante atenção na  maneira como você usa a língua e o quanto você abre a boca para baixo, não abra  a boca para os lados para não perder o controle sobre o som e não deixar que  fique estridente. A função destas dicas é dominar a maneira como o som se  espalha pelas áreas de ressonância e a direção que se dá ao som quando sai da  boca.

 

1.     Boca chiusa

Para melhorar a colocação da voz  use a técnica de boca chiusa - dentes abertos, língua relaxada, encostada nos  dentes da frente, lábios bem fechados, fazer um som de mmmmmmmmmmmm. O som deve  se espalhar dentro da boca. Tome cuidado para não fechar o espaço dentro da  boca e jogar o som para o nariz. Se a língua estiver para trás também vai  nasalizar o som.

Este exercício serve para  aumentar o volume do som dentro da boca e crânio ocupando todo o espaço  disponível. Deve-se fazer um som encorpado e reto, sem vibrações. Comece com  pouco volume, firmando o som e observando onde ele está ressoando. Focalize o  som no céu da boca, na parte frontal, mas não nos lábios. Tente fazer o som  viajar dentro da cabeça, mudando de lugar até que você encontre um ponto em que  o som fique leve e firme, se espalhando pela face sem nenhum esforço. Aos  poucos vá aumentando o volume até chegar ao seu máximo, tendo sempre o cuidado  de não forçar nada, apenas jogando mais ar.

Este exercício é fantástico,  aumenta imediatamente o volume fazendo com que soe firme e claro como se  estivesse com a boca aberta. Usa-se muito no canto erudito para que os cantores  de opera consigam o máximo de volume. Já viu como um cantor de opera consegue  um volume esplêndido em qualquer tom sem fazer esforço nenhum? Fazendo este  exercício com bastante atenção, percebendo bem aonde você esta direcionando o  som dentro da boca vai conseguir em questão de minutos mudanças bem  interessantes na qualidade do som.

Quanto mais longo o som melhor,  isso fará com que você possa experimentar as grandes mudanças que ocorrem no  som com apenas pequenos movimentos da língua ou separando um pouco mais os  dentes.

2.     Articulação

Este exercício serve para  conseguir mais agilidade na articulação das silabas, abrindo bem a boca para que  o som tenha condições de ser projetado no ambiente. Exagere na abertura da  boca, sempre para baixo e tome cuidado com a posição da língua, ela não pode  ficar erguida na parte de trás. As vogais devem ser articuladas com os lábios e  a ponta da língua, não se preocupe se o som não ficar claro no começo e o I ou  o E soarem mais como U, conforme você vá se acostumando com o som vai conseguir  articular todas sem dificuldade mesmo com a boca aberta como se fosse dizer O.  

Articular A/E/I/O/U, forçando o diafragma, no mesmo tom e com calma, abrindo  bem a boca para baixo.  Lance o som para  um ponto na parede e vá se distanciando aos poucos, aumentando o volume.  Projetar o som em um canto da parede facilitará para que você ouça o som  voltando para você. Lembre-se de usar todos os exercícios acima, mantenha  controle do diafragma e respire fundo, calcule bem a quantidade de ar que você  tem para projetar o som. Explore as regiões de ressonância e abra bem a boca  para que o som possa sair sem barreiras. Experimente mudar de tom, você  perceberá que a região de ressonância tende a mudar automaticamente, lembre de  manter o som sempre na frente da boca, não deixe que fique no fundo da boca.

3.     Contagem

Usando o mesmo cuidado do  exercício anterior, porém deitado, encher os pulmões e contar até cinco de  vagar, lançando o som para o teto. Focalize um ponto no teto e imagine o som  como um laser chegando até lá. Inspirar em 4 tempos e contar até 5, inspirar em  6 tempos e contar até 8, inspirar em 8 tempos e contar até 10. Repetir o  exercício 5 vezes. Você pode inclusive ir aumentando a contagem conforme vai  conseguindo mais firmeza e sua respiração aumenta. Mas lembre-se de nunca  exagerar, o aumento deve ser gradativo e sempre tem que sobrar um pouquinho de  ar.

4.     Hei

Este é um exercício bem  interessante para aumentar o volume e projetar notas específicas. Use a palavra  ‘hei’, como se chamasse alguém do outro lado da rua. Escolha um tom confortável  e grite o som apoiando bem no diafragma e usando a ressonância correta, o som  não pode ressoar na garganta. Vá trocando de tom para que todas as notas que  você alcança saiam com o mesmo volume e qualidade de som. Você pode trocar o  som para ‘ou’ e depois para qualquer outra palavra.

5.     Lançamento

Uma maneira de potencializar esse  exercício é usar o movimento do corpo. Separe os pés dando um passo a frente,  mantenha o corpo bem equilibrado e firme, faça de conta que tem uma bola de  tênis na mão e quando fizer o ‘hei’ atire essa bola imaginaria junto com som.

Para exercitar troca de tom  comece em uma nota aguda e escorregue o som para uma ou duas notas mais graves.  Você também deve exercitar o contrário, começar grave e ir subindo, porem  mantendo o mesmo volume. É interessante começar por uma nota em que sua voz soe  mais bonita e firme, observar como você consegue esse som, ressonância,  articulação, posição dos lábios e língua, e procurar transferir esse formato  para as outras notas.