Diferentes respostas de organismos marinhos à variabilidade climática já foram registradas em regiões polares dos Hemisférios Norte e Sul. Alguns organismos respondem diretamente ao clima, como os ursos polares, cuja sobrevivência dos adultos e filhotes, e as taxas reprodutivas diminuem quando a extensão do gelo marinho diminui, reduzindo suas áreas de deslocamento e forrageamento \cite{Regehr_2010}. A diminuição do mar de gelo também afetou diversas espécies de aves marinhas que atrasam sua chegada às colônias reprodutivas e o período de postura dos ovos \cite{Barbraud_2006}.

Efeitos indiretos foram documentados para focas, que reduziram sua reprodução após anomalias positivas de temperatura da superfície do mar ligadas a fenômenos de La Niña-El Niño \cite{Forcada_2005}. Estas anomalias provavelmente estavam ligadas a uma menor disponibilidade de presas (krill) que se manifestou com atrasos mais longos que um ciclo reprodutivo das focas. Menores taxas reprodutivas também foram documentadas para a baleia-franca-do-norte e baleia-franca-austral em épocas de maior aquecimento, e conseqüente menor disponibilidade de presas em suas áreas de alimentação em ambos os hemisférios Norte e Sul \cite{Greene_2004, Leaper_2006}.

Um dos desafios encontrados neste estudo foi a complexidade do clima no Oceano Austral, que dificulta a interpretação dos diferentes processos que interferem na demografia das baleias-jubarte. Por exemplo, efeitos com atraso de um ou mais anos, que podem ser diluídos pela variabilidade climática, causando ruídos nas relações entre o clima e a demografia. Também não foram explorados efeitos cumulativos ou mesmo a interação entre diferentes processos climáticos. Por exemplo, já foi demonstrado que o Modo Anula Austral (SAM) e o El Niño podem interagir e provocar efeitos em sinergia no mar de gelo.