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\subsubsection{\textit{Introdução}}  As populações animais geralmente apresentam flutuações anuais consistindo de uma dinâmica de não equilíbrio, e explicar os mecanismos que governam estas flutuações faz parte do principal paradigma para abordar o problema da regulação das populações \cite{Krebs_1995}. O crescimento populacional é resultado do balanço entre nascimentos e mortes, que é afetado por vários fatores que podem operar mais ou menos independentemente, e responder em diferentes escalas de tempo \cite{Croxall_1992}. Investigar processos subjacentes e reguladores do crescimento populacional tem sido um dos focos da ecologia populacional \cite{rockwood2006introduction}.  O clima tem efeito sobre todos os sistemas biológicos, desde populações, comunidades até ecossistemas. O clima na Terra é caracterizado por grande variabilidade natural em diversas escalas espaciais e temporais (desde sazonais até milenares) \cite{Latif_2008}. Além da grande variabilidade natural, as atividades humanas já causaram não só o aquecimento global, como também um incremento de eventos climáticos extremos ao redor do mundo nas últimas décadas \cite{Intergovernmental_Panel_on_Climate_Change_2014}. Neste contexto atual de mudanças climáticas, é urgente entender como fatores ambientais governam a dinâmica de certas populações, seja de maneira direta ou indireta \cite{Boggs_2012}.  O Oceano Austral é um ecossistema polar extremamente dinâmico e com uma sazonalidade marcante, que tem relação estreita com as espécies marinhas que vivem neste ambiente \cite{Murphy_2007}. Anualmente, um mar de gelo (banquisa) com espessura média de um metro se forma ao redor do continente no inverno, dobrando o tamanho da Antártica. A extensão do mar de gelo tem um grande variação inter-anual, bem como o avanço e retrocesso da banquisa (\cite{de_la_Mare_2008}). \cite{de_la_Mare_2008}.  Com aumento das temperaturas no outono e verão, a banquisa se desfaz e contribui para o incremento da produção primária e secundária na borda do gelo, favorecendo espécies como o krill (\textit{Euphasia superba}). O krill é uma espécie chave no ecossistema do Oceano Austral, sendo um organismo importante para a transferência de energia entre os produtores primários e os níveis mais altos da cadeia trófica antártica \cite{Endo_2000}. O krill é um organismo zooplanctônico de vida longa (5 anos) que apresenta grande abundância \cite{NICOL_2006}, servindo de alimento para diversos predadores no Oceano Austral, incluindo aves marinhas, focas e grandes baleias \cite{Laws_1977}. O krill está disponível para seus predadores em poucos meses mais quentes do ano, pois no inverno encontra-se abaixo da banquisa e indisponível para seus consumidores \cite{NICOL_2006}. Assim, estes predadores devem ser capazes de explorar um recurso altamente abundante durante este curto período de tempo \cite{Murphy_2007}.  A baleia-jubarte é um dos predadores de krill que realiza anualmente longas migrações sazonais entre áreas de alimentação ao redor da Antártica e regiões de reprodução em áreas tropicais \cite{MACKINTOSH_1946}. Nas áreas de reprodução a baleia-jubarte permanece sem se alimentar, subsistindo com uma espessa camada de gordura adquirida nas áreas polares durante a curta temporada de alimentação. Presume-se que exista uma grande demanda energética da reprodução e migração para as baleias e a disponibilidade de presas no seu período de alimentação seja um dos fatores que regulam sua população.  Este trabalho teve como objetivo explorar o efeito de fenômenos climáticos de meso-escala como a Oscilação Austral/El Niño e o Modo Anular do Sul na demografia das baleias-jubarte que reproduzem no Brasil. Estes processos climáticos têm efeitos na dinâmica do Oceano Austral e podem afetar o principal alimento da baleia-jubarte, o krill. Desta forma, usando bancos de dados de longo prazo coletados na área de reprodução das baleias no Brasil, buscou-se verificar se estes dois fenômenos afetam de maneira indireta a reprodução e a sobrevivência das baleias.