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Desde a publicação do artigo de Mackenzie et al. (2002) houve um aumento no desenvolvimento e aplicação de modelos com o objetivo de estimar ocupação de espécies levando em consideração a detecção imperfeita (Kellner & Swihart, 2014; Bailey et al. 2014 ). Esses modelos, por possuírem uma estrutura hierárquica, permitem a distinção entre dois processos que compõem os dados de presença-ausência coletados em campo: num primeiro nível, o processo biológico e num segundo nível, condicionado ao primeiro, o processo observacional. De forma que, é possível inferir o número de sítios em que a espécie provavelmente estava presente, mas não foi detectada.  Para que o processo observacional seja modelado, é necessário um delineamento envolvendo réplicas espaciais ou temporais dos levantamentos feitos em cada sítio amostral. A replicação, no entanto, pode ser inviável por razões logísticas ou econômicas. Assim, na prática, ocorre uma demanda conflitante, que obriga os pesquisadores a optarem entre maior número de sítios amostrados ou maior número de réplicas por sítio (Bailey et al. 2007).   Em função desta problemática envolvendo o delineamento, surgiu um debate entre ecólogos para esclarecer quando a questão da detecção imperfeita pode ser desconsiderada.   Por um lado, alguns autores argumentam que nos casos em que o grau de detecção é constante ou varia pouco ao longo do eixo de comparação (e.g., o tratamento experimental, o gradiente espacial ou temporal), não há risco de inferências errôneas sobre o padrão do efeito da variável ecológica de interesse (Buckland et al 2011; Banks-Leite et al. 2014). Em contrapartida, autores que são a favor do uso sistemático dos modelos de ocupação alegam que, a detecção é o resultado de uma complexa interação entre fatores relacionados ao local amostrado, ao método de levantamento e ao organismo de interesse, e, portanto, deve ser heterogênea na maioria dos casos (Mackenzie & Royle, 2005).  Apesar da do potencial impacto dos vieses da detecção imperfeita sobre os testes de empíricos que alicerçam a construção da teoria ecológica e as práticas de manejo e conservação, até o momento, esta discussão permanece em aberto. Nesse sentido a proposta deste projeto é avaliar o desempenho dos modelos que consideram detecção imperfeita em diferentes estudos ecológicos para diferentes grupos taxonômicos. Especificamente, objetiva-se testar as: i) se modelos ajustados para heterogeneidade na detectabilidade são consistentemente mais plausíveis que os modelos que assumem detectabilidade constante, e q ii) se a desconsideração de detecção imperfeita gera vieses nas inferências sobre padrões em processos ecológicos e qual o tamanho deste feito.