Abstract
This
study was conducted to investigate the effect of season onthe endocrine profile
of Creoule goats of Northeast semiarid
region of Brazil. Hormonal traits were
considered during the dry and rainy seasons of 30 adult goats (1to 2 years old). The air temperature (AT), black
globe temperature (BGT) and relative humidity (RH) were measured by an
automated weather station. The observed hormonal parameters were:thyroxine
(Thy), cortisol (COR) and Triiodothyronine (TRI). Data were analyzed using
Statistical Analysis System with the GLM procedure. It was observed a
significant effect (p<0.01) of season on . Thyroid hormones showed high values in the
wet season and low in the dry season, while cortisol has an opposite behavior.
This change in different seasons promote reduction in the metabolism once the hormones facilitate the hormonal mechanisms
involved in climatic adaptation. The animal adaptability cannot be described
solely by rectal temperature and respiratory rate.
Resumo
Este estudo foi realizado para investigar o efeito da
estação sobre o perfil endócrino de cabras crioulas do nordeste semiárido do
Brasil. Foram considerados os aspectos hormonais durante as estações seca e
chuvosa de 30 cabras adultas (1-2 anos
de idade). A temperatura do ar (TA), temperatura de globo negro (TGN) e umidade
relativa do ar (UR) foram medidos por uma estação meteorológica automatizada.
Os parâmetros hormonais observados foram: tiroxina (Tyr), triidotironina (TRI)
e cortisol (COR). Os dados foram analisados utilizando o StatisticalAnalysis
System, aplicando o procedimento GLM. Observou-se efeito significativo de
estação sobre os parâmetros hormonais. Os hormônios tireoideanos apresentaram
valores altos na estação chuvosa e baixos na estação seca, enquanto que o cortisol apresentou comportamento inverso.
Essa alteração observada nas diferentes estações acarreta redução no
metabolismo pois os hormônios facilitam
os mecanismos hormonais envolvidos na adaptação climática. A capacidade de
adaptação dos animais não podem ser descritas exclusivamente pela temperatura
retal e frequência respiratória.
A boa adaptação dos caprinos os torna
interessante material genético para condições do semiárido pois são criados predominantemente em regime de manejo
extensivo, toleram baixa disponibilidade de forragens de qualidade durante boa parte do ano, escassez de água, juntamente com as elevadas
temperaturas e intensa radiação solar. Estes fatores que favorecem os animais mais rústicos (Silanikove, 2000a). Entre
os caprinos existentes na Região Nordeste destaca o grupo genético Azul, nativo do
Nordeste Brasileiro, conhecido também pelas denominações de Azulona, Azula e
Azulanha. Supõe-se ser originalmente africana e pertencente ao grupo “Wad”, que
significa ”West African Dwarf”, ou “cabras pequenas do oeste Africano”. No
Brasil encontram-se distribuídos nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande
do Norte e Ceará, entretanto, é próprio da caatinga do estado do Piauí. É um
animal de pele escura, mucosas nasais e
perineal negras ou em tom cinza-escuro,
pelagem azulada ou cinza – azulada, (Silva et al., 2001). Este grupo
racial encontra-se em perigo de extinção, no entanto, há possibilidade de
recuperação desse importante material genético que, ao longo do processo de
aclimatização degenerativa, ainda mantém genes importantes para adaptação .Através de seleção natural ao longo de várias
gerações, os caprinos adquiriram alta
capacidade de sobrevivência, apresentando características comuns como pequeno
porte, pelo curto, orelhas pequenas e retas, diferenciando-se entre si pela cor
do pelo, características que
auxiliam na adaptação a regiões secas.
Os caprinos são animais
homeotérmicos e se caracterizam pela capacidade de manter a temperatura
corporal dentro de limites estreitos, utilizando para esse fim, as trocas com o
ambiente, à produção interna de calor, características morfológicas,
fisiológicas e hormonais (Mirkena et al., 2010). Alguns
trabalhos demonstram maior preocupação com relação animal x ambiente, ocasionada por um ambiente em função
da atuação conjunta de variáveis, tais como temperatura, umidade e radiação
para que o animal mantenha-se em conforto térmico, ou seja, não sofrendo
estresse nem por calor nem por frio, já que existe um conhecimento relativo
entre o estresse calórico e a produtividade, em sistemas intensivos e
extensivos de criação (Silanikove, 2000a). Quando o animal
é submetido à condições ambientais estressantes, suas funções hormonais são
alteradas (De la Sota et al., 1996). Sendo assim, o objetivo
desta pesquisa foi estudar o efeito da época do ano sobre os parâmetros
hormonais em fêmeas caprinas do grupo genético brasileiro Azul.
O
estudo foi conduzido no período chuvoso e seco, em uma propriedade do município
de Caiçara do Rio do Vento, no Rio Grande do Norte, a latitude 5º45’37” sul e
longitude 35º59’55” oeste, a 159 m de altitude, no Brasil. O clima da região é tropical
com estação seca, segundo a classificação climática de Koppen-Geiger é do tipo
As. Com temperatura média anual de 27.2°C, temperatura máxima de 33.0ºC e
temperatura mínima de 21.0ºC e 520 mm é a pluviosidade média anual. Durante o período experimental foram
coletados dados climatológicos com o auxílio de uma estação meteorológica, que
era localizada no ambiente onde os animais passavam o dia, iniciando às 8:00
horas da manhã e finalizando as 18:00 horas. A cada hora eram anotados a
temperatura do bulbo seco (Tbs), temperatura de bulbo úmido (Tbu), temperatura
do globo negro (Tgn) e umidade relativa do ar (UR), temperatura máxima e
mínima. A velocidade do vento foi realizada com o auxílio de um anemômetro
digital de 2 em 2 horas. Ao final do
experimento os dados eram processados e armazenados numa planilha adequada para
esse fim. O valor do ITGU foi determinado através dos dados climatológicos
temperatura de globo negro (Tgn) e temperatura do ponto de orvalho (Tpo), de acordo
comBuffington et al. (1981). A temperatura radiante (TRM) é a temperatura de
uma circunvizinhança, considerada uniformemente negra capaz de eliminar o
efeito da reflexão, com qual o corpo (globo negro) troca tanta quantidade de
energia quanto à do ambiente considerado de acordo com Bond e Kelly, (1954). Foram avaliadas 60 fêmeas secas do grupo genético
Azul, sendo 30 no período chuvoso (julho) e 30 no período seco (dezembro),
criadas extensivamente. A idade dos animais foi obtida indiretamente pela
análise da cronometria dentária, devido
à ausência de escrituração zootécnica na propriedade, sendo todas classificadas
como adultas (1 a 2 anos de idade). Todos os animais foram considerados sadios, padrão definido em função do estado sanitário dos
animais avaliado através do FAMACHA (Kaplan et al., 2004), presença de
ectoparasitas, linfadenite ou algum outro tipo de problema na pele. As amostras
de sangue de cada animal foram coletadas no turno da tarde em ambos os períodos
(chuvoso e seco), através de punção na veia jugular, após assepsia com álcool
iodado, com mínimo de traumatismo. Nas coletas foram usadas agulhas de calibre
0,8x25mm foi coletado 7 ml de sangue em
tubos à vácuo com gel separador. As amostras de sangue foram transportadas em
caixas isotérmicas ao laboratório da UFPB/CCA, centrifugadas em uma centrifuga
digital a 4°C, a 3000 rotações durante quinze minutos. O sobrenadante
resultante da centrifugação foi separado em alíquotas de 1,5mL para dosagens
hormonais, realizadas logo no dia seguinte após a coleta. As
concentrações plasmáticas de cortisol, trioxina (T4) e triiodotironina (T3)
foram analisadas em duplicatas mediante técnica ELISA, utilizando kits laboratoriais de uso comercial
(INVITRO), desenvolvidos para avaliação quantitativa dos hormônios. Os dados foram
analisados por meio do StatisticalAnalysis System, com
auxilio do procedimentos GLM
(Análise de Variância), e teste de médias (T 5%) . Foi utilizado o seguintes
modelos matemáticos:yijk = µ + Ei + Pj
+ eijk em que: yijk é a variável dependente; µ é a média
geral; Ei é o efeito fixo de período (i=chuvoso, i=seco) e eijk
é o erro aleatório, considerando média 0 e variância ơ2. Foram
estimadas as correlações de Pearson entre todas as variáveis, utilizando-se o
PROC CORR do StatisticalAnalysis
System (Versão 9.1).
As médias
da temperatura ambiental (TA), Umidade relativa (UR), Temperatura de globo
negro (Tgn) e índice de temperatura do globo negro e umidade (ITGU), observadas
durante o período experimental encontram-se na (Tabela 1). A temperatura média do ar apresentou-se em ambas as estações e nos
turnos acima da temperatura de conforto térmico para caprinos que é de 20 a
30ºC (Baêta e Souza, 2010). A média da temperatura do ar na estação chuvosa e
seca ultrapassou a temperatura crítica superior que é de 35ºC como também
ultrapassou a temperatura crítica inferior que é de 19ºC. Aapenas no
turno da manhã da estação chuvosa, a temperatura esteve abaixo da temperatura
crítica superior. É comum no semiárido brasileiro, nos horários
mais quentes do dia, a temperatura permanecer acima da ZCT e, caprinos das raças nativas têm expressado bom
desempenho produtivo e reprodutivo, devido ao processo adaptativo à região
semiárida, desenvolvido ao longo de sua formação, mesmo em condições
consideradas acima da zona de conforto. Este fato é extremamente positivo para
a raça e indicativo da necessidade de redefinição dos parâmetros de adaptabilidade para as raças nativas do
semiárido nordestino. Resultados semelhantes aos deste trabalho obtiveram Gomes
et al. (2008) e Silva et al. (2010) que relatam valores de temperatura ambiente
fora da ZCT para caprinos. À umidade relativa do ar (UR) variou em
função da estação e do turno, sendo superiores pela manhã, decrescendo nos
horários da tarde. Os valores do ITGU apresentaram-se elevados, em ambas as
estações e turnos, apresentando-se mais elevados no turno da tarde e na estação
seca. Não devem ser considerados como situação crítica para as raças caprinas
estudadas, já que as mesmas não apresentaram respostas fisiológicas fora dos
padrões normais para a espécie. Apesar de não se ter
valores referência para caprinos locais, estes valores não podem ser
considerados inadequados, uma vez que a TR se encontra dentro da normalidade,
demonstrando não estar havendo estocagem de calor. A CTR
apresentou-se maior (P < 0.01) no turno da tarde com valores de 738.9 Wm-2 e
777.6 Wm-2 para o período chuvoso e seco, respectivamente. Houve diferença
significativa entre as estações e o valor de CTR foi mais alto no verão, devido
a alto valor de temperatura do ar e a temperatura de globo negro e, baixa UR. Houve efeito significativo de período
(P < 0.01) sobre os níveis hormonais (Figura 2), evidenciando a influência da
ação conjunta das variáveis meteorológicas estudadas sobre a fisiologia
endócrina e termorreguladora dos animais. Observou-se declínio dos níveis
plasmáticos de T3 e T4 nas fêmeas, no período seco. A média de cortisol maior
foi registrada no verão, o que influenciou a concentração sanguínea de
cortisol. A secreção do cortisol ocorre como resposta ao estresse, com o
aumento da TA no verão (Tabela 1), ocorre aumento da concentração de cortisol,
que tem como função manter a homeostase do animal. Caprinos submetidos a
estresse térmico por calor apresentaram 87.14 nmol/l para cortisol, 1.43 nmol/l
para T3 e 87.04 nmol/l para T4; já estes animais em conforto térmico
apresentaram 16.10; 1.28 e 67.97 nmol/l para cortisol, T3 e T4, respectivamente
(Sejian et al., 2010). O cortisol apresenta correlação direta com a temperatura
do ar (0.89), e com os hormônios tireoidianos a correlação é inversa, sendo de
-0.64 com o T4 e de 0.58 com o T3. Existe relação inversa entre as
concentrações de hormônios tireoidianos e TA em caprinos, sendo um mecanismo
adaptativo para reduzir a produção de calor. O hormônio T4 apresenta correlação
inversa com a TA (-0.65) e o hormônio T3 também apresenta o mesmo comportamento
com a TA (-0.67). Após as primeiras modificações adaptativas que ocorrem no
animal, com o aumento nas FR e FC, TS e modificações no pelo do animal, o
sistema HHA é ativado, promovendo aumento do nível de cortisol. O cortisol
apresenta correlação inversa com o comprimento do pelo do animal (-0.55), a
medida que a estação do ano vai ficando com temperaturas mais elevadas o pelo
do animal vai modificando de tamanho para auxiliar na adaptação. O cortisol
apresentou correlação direta com a TS (0.65), ao contrário do que ocorreu com o
T4 onde sua correlação com a TS foi inversa (-0.58). Isto se deve ao fato de
que quando a TA aumenta a TS também aumenta como forma de dissipar calor. O aumento do cortisol também se deve ao aumento
da TA, já o T4 é reduzido para diminuir
a produção de calor endógeno.
As Características fisiológicas, morfologicas e hormonais sofreram
alterações durante as diferentes estações do ano.
As concentrações dos hormônios foram reduzidas durante o estresse térmico e aumentadas
durante o estresse por frio.
As allterações fisiológicas ocorreridas nos caprinos do
grupo genético azul refletem a capacidade dos animais em reagirem com
antecedência às mudanças ambientais associados com os períodos dos anos.
No processo de adaptação dos animais deve-se observar os parâmetros
fisiológicos e hormonais conjuntamente
Agradecimentos