A versão original da tabela abaixo traduzida encontra-se nas páginas 6-7 do Programme Guide do Horizonte Europa, disponível in https://ec.europa.eu/info/funding-tenders/opportunities/docs/2021-2027/horizon/guidance/programme-guide_horizon_en.pdfExplicação da TerminologiaRisco crítico (Critical risk) Um risco crítico constitui uma ocorrência ou questão plausível que poderá causar um acentuado impacto adverso sobre a capacidade para atingir os objetivos do projeto. Nível de probabilidade (likelihood) de ocorrência: baixo/médio/alto. A probabilidade (likelihood) é a estimativa da probabilidade (estimated probability) de que o risco venha a materializar-se mesmo após levar em conta as medidas de mitigação ou atenuação (mitigating measures) estabelecidas. Nível de gravidade: baixo/médio/alto. Trata-se da importância relativa (relative seriousness) do risco e o significado dos seus efeitos.Prestação (Deliverable)Trata-se de um relatório dirigido à Comissão [Europeia] ou à Agência [Executiva], contendo informações que se destinam a assegurar uma acompanhamento eficaz (effective monitoring) do projeto. Estão previstos diferentes tipologias de prestações (e.g., relatórios de atividades ou resultados específicos, planos de gestão de dados, requisitos éticos ou de segurança).Repercussões (Impacts)Efeitos alargados a longo prazo sobre a sociedade (incluindo o ambiente), a economia e a ciência, propiciados (enabled) pelas decorrências de investimentos em I&I (longo prazo). Remete para o contributo específico do projeto relativamente às repercussões previstas no programa de trabalho conforme descritas no destino (destination). As repercussões dão-se geralmente algum tempo após a conclusão do projeto. Exemplo: A implementação (deployment) do sistema de previsão avançada habilita cada aeroporto a aumentar a capacidade máxima de passageiros em 15% e o rendimento médio por passageiro em 10%, resultando numa redução de 28% nos custos de expansão das infraestruturas.Marcos (Milestone)Pontos de controlo que contribuem para traçar o progresso do projeto. Os marcos poderão corresponder à consecução de um resultado decisivo, possibilitando iniciar uma nova fase do trabalho. Também poderão revelar-se necessários em momentos intermédios (intermediary points) de modo a que possam ser tomadas medidas de correcção, sempre que tenham surgido problemas. Um marco poderá constituir um ponto crítico de decisão no projeto no qual, inter alia, um consórcio deverá decidir quais dentre várias tecnologias irá adoptar para ulterior desenvolvimento. A consecução de um marco deverá ser passível de verificação.Objetivos (Objectives)Metas respeitantes à investigação e ao conteúdo inovador no âmbito do projeto. Estas traduzir-se-ão em atividades do projeto. Estas poderão ir da abordagem de questões específicas de investigação até à demonstração da viabilidade de determinada inovação e à partilha de conhecimentos entre as partes interessadas (stakeholders) acerca de questões específicas. A natureza dos objetivos dependerá do tipo de ação e do âmbito do tópico.Decorrências (Outcomes)Os efeitos expectáveis (expected effects) a médio prazo em projetos apoiados ao abrigo de um determinado tópico. Os resultados de um projeto deverão propiciar as decorrências, particularmente através de medidas de disseminação e valorização (dissemination and exploitation measures) (compreendendo a adopção, divulgação, implementação, e/ou utilização dos resultados do projeto por parte de públicos-alvo diretos).  As decorrências verificam-se geralmente no decurso ou pouco tempo após o termo do projeto. Exemplo: 9 aeroportos europeus adoptam o sistema de previsão avançada apresentado (demonstrated) durante o projeto.Trajetória de impacto (Pathway to impact)Passos lógicos conducentes à materialização, ao longo do tempo, das repercussões previstas a nível do projeto, em particular para além da duração deste. Uma trajetória tem início a partir dos resultados dos projetos, passando pela sua disseminação, valorização e comunicação, contribuindo para propiciar simultaneamente as decorrências expectáveis sob o tópico do programa de trabalho e, em última instância, as repercussões científicas, económicas e sociais mais abrangentes do destino do programa de trabalho.Produção científica ou Produtos resultantes da investigação (Research output)Resultados gerados pela ação a que se pode ter acesso na forma de publicações científicas, de dados ou outras decorrências e processos resultantes da engenharia, designadamente programas informáticos, algoritmos, protocolos e cadernos electrónicos.Resultados (Results)Aquilo que se gera ao longo da implementação do projeto. Tal poderá incluir, por exemplo, saber-fazer (know-how), soluções inovadoras, algoritmos, provas de viabilidade, novos modelos de negócio, recomendações em matéria de políticas, orientações (guidelines), protótipos, demonstradores (demonstrators), bases e conjuntos de dados, formação de investigadora/es, novas infraestruturas, redes (networks), etc. A maioria dos resultados dos projetos (invenções, trabalhos científicos, etc.) constituem "Propriedade Intelectual", a qual pode ser protegida por "Direitos de Propriedade Intelectual" formalizados, caso se justifique. Exemplo: Demonstrador de grande envergadura bem sucedido: ensaio, junto de 3 aeroportos, de um sistema de previsão avançada com vista a uma gestão proactiva dos fluxos de passageiros em aeroportos.
Este texto foi redigido para a disciplina de Conceitos e Práticas de Gestão de Inovação da Pós-Graduação em Gestão e Políticas de Ciência e Tecnologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, ministrada por Filipa Borrego e Sandra Aresta. O projeto «China Historical Christian Database» (doravante CHCD) constitui, apesar de ainda in fieri, uma ferramenta inovadora e avançada destinada à valorização do conhecimento sobre a presença dos cristianismos na China entre 1550 e 1950. A CHCD promete tornar-se essencial para qualquer investigador/a dedicada/o à temática da história dos cristianismos na China e às temáticas relacionadas—como seja a de uma cristandade própria da China—conquanto o/a utilizador/a seja capaz de ler em língua inglesa ou nos padrões de escrita—seja tradicional ou simplificado—da língua chinesa. Por intermédio do desenvolvimento de uma pioneira base de dados digital geográfica e de relações—nomeadamente entre indivíduos, instituições e eventos—mais uma arrojada plataforma educativa em linha—ainda em fase beta mas já disponível em acesso aberto—, e ainda por via do estabelecimento de parcerias estratégicas de índole internacional, a CHCD proporciona uma solução tecnológica inteiramente nova para fazer face a certos problemas típicos da investigação histórica sobre os cristianismos na China e da transmissão dos conhecimentos concernentes, como sejam a pluralidade linguística e a dispersão geográfica das fontes. A abordagem definida no seio do projecto, de orientação marcadamente computacional, é de abertura para o desenvolvimento contínuo, pois o que se procura é que a CHCD evolua de forma constante no tempo e que permita o desencadeamento de transformações no íntimo da própria área de investigação em que a mesma se insere, abrindo o caminho para formas inéditas de transmissão e análise na hora valorizar e aprofundar o conhecimento sobre a história os cristianismos na China ao longo de 400 anos. Assim—se bem que não aprofundaremos o que se segue no presente trabalho—, a CHCD promete provocar um efeito disruptivo no que aos modelos de investigação na sua área, tão inatuais e por vezes caducos, diz respeito. Esta inovadora base de dados, alojada pelo Center for Global Christianity and Mission da Boston University—mas que envolve o Center for the Study of Asia, o Institute on Culture, Religion & World Affairs, o Rafik B. Hariri Institute for Computing and Computational Science & Engineering (estes três da Boston University), o Instituto de História Qing da Universidade Renmin da China, o Ricci Institute for Chinese-Western Cultural History da University of San Francisco, a SOAS University of London, os Passionist Historical Archives, o Monumenta Serica Institute, o Institute for Advanced Jesuit Studies do Boston College, a Whitworth University, a Università degli Studi di Perugia, o Centro Científico e Cultural de Macau, I.P. (e portanto também a Fundação Jorge Álvares), a Università degli Studi di Napoli "L'Orientale" e os Carleton College Archives—pode ser acedida in https://chcdatabase.com/. Ao longo das páginas que se seguem, iremos argumentar que a CHCD representa uma inovação de tipo aberto, social e tecnológico. Por forma a argumentar que a CHCD representa uma inovação no seu contexto disciplinar—inovação, aliás, potencialmente muito lucrativa em termos de conhecimento—, iremos basear-nos numa leitura aberta—e, bem sabemos, com potencial de gerar controvérsia—da noção de inovação como sendo orientada também para o ramo particular da economia que aqui nos interessa: a economia da investigação.1: Inovação orientada para a economia da investigação Falar de "economia da investigação (economy of research)" é apontar para aquilo que Charles S. Peirce considerou ser, "de todos os ramos da economia, talvez o mais rentável (of all the branches of economy, [...] perhaps the most profitable)" (Peirce 1931-1958 [1902], vol. 7 pará. 161). Talvez as palavras de Peirce soem um tanto ou quanto exageradas para quem não tiver em conta que na economia da investigação não se trata de lucrar a nível de verbas, mas de verbos—quero dizer, conhecimento—, sem por isso desconsiderar o papel daquelas no investimento que se faz em ciência, nem mesmo a possibilidade de que o financiamento atribuído à investigação acabe por estar na origem de uma série de desenvolvimentos que venham a desembocar em avultados ganhos a nível monetário ou de outra ordem, no seio de outros ramos da economia. É verdade que a economia da investigação não existe à margem, isolada no fim do mundo, sem relacionar-se com a economia como um todo. Tem, ainda assim, a sua esfera própria—uma esfera aberta e em relação, mas própria—, e a análise que se atenha ao nível da economia da investigação deve ter em conta que aquilo que se procura nesse ramo da economia não é aumentar a conta bancária ou outra coisa qualquer que não seja o nosso conhecimento. É em conhecimento que a/os tia/os Patinhas da investigação devem banhar-se, e é na distribuição das águas desses banhos que estão os verdadeiros ganhos no âmbito da economia da investigação. Uma investigação que pouco nos traga a nível de conhecimento será sempre, sob a ótica que impera neste texto, um investimento que deu prejuízo. Obviamente, a rentabilidade não se aufere de modo assim tão rude: no terreno da economia é preciso ter em conta a relação entre o investimento e os resultados. Não estamos a dizer nada de novo; leia-se Peirce para um maior detalhe: "A doutrina da economia, em geral, trata das relações entre utilidade e custo. O seu ramo relativo à investigação considera as relações entre a utilidade e o custo de diminuir a probabilidade de erro do nosso conhecimento. Tem como principal problema a maneira como, mediante um determinado dispêndio de dinheiro, tempo e energia, se pode obter o mais valioso incremento do nosso conhecimento. (The doctrine of economy, in general, treats of the relations between utility and cost. That branch of it which relates to research considers the relations between the utility and the cost of diminishing the probable error of our knowledge. Its main problem is, how, with a given expenditure of money, time, and energy, to obtain the most valuable addition to our knowledge)" (Ibid. [1876], 7.140). Sendo o nosso fito argumentar que a CHCD representa uma inovação no seu contexto disciplinar e no âmbito deste ramo específico da economia, o que trataremos nas seguintes secções, iremos sustentar a nossa reflexão numa interpretação aberta (e quiçá inovadora) da noção de inovação, como sendo orientada não só para a economia de mercado mas também para a economia da investigação. Como disse Juma (2016, 258), na esteira de Joseph Schumpeter, a inovação resulta "dos esforços de empresários [ou empreendedora/es] (of the efforts of entrepreneurs)". Ora, no caso da economia da investigação, deve dizer-se que a inovação resulta, antes de tudo, dos esforços de investigadora/es. Também remetendo para Schumpeter, ao expor as questões filosóficas levantadas no corpo de uma call for papers de um evento científico depois recebido pelo St. Annes’ College de Oxford em 2016, Vincent Blok (2018, 2) apresentou a inovação como sendo "o produto da destruição criativa (the product of creative destruction)", pois toda a inovação "é acompanhada pela destruição das velhas regras e da velha ordem (is accompanied by the destruction of the old rules and the old order)"; e isto que significa que, se a inovação produz um "impacto positivo (positive impact)" nesta ou naquela esfera, tal impacto será "sempre acompanhado por repercussões negativas alhures (always accompanied by negative impacts elsewhere)". Assim, tendo em conta—para além do âmbito da economia que foi derivado do pensamento de Peirce—a transposição que fizemos a partir do texto de Juma e a noção apresentada por Blok (tudo acima), temos um chão firme para dizer que a inovação orientada para a economia da investigação não só resulta dos esforços de quem investiga como também passa pela destruição de velhas regras e de uma velha ordem, tantas vezes obsoletas, produzindo sempre repercussões simultaneamente positivas e negativas, mediante a perspectiva a partir da qual se considere o impacto da inovação. O que nos parece ser sobremaneira difícil na hora de pensar a inovação no âmbito da economia da investigação é i) ultrapassar os velhos hábitos e fazer a transferência desta noção afeta ao mercado para a o ecossistema científico e ii) estimular a comunidade científica para que arrume a casa—o ecossistema científico, sendo que eco remete para 'casa' e sistema para 'arrumação'—de modo a torná-la num ambiente mais amigável para a inovação. Quanto à inovação representada pela CHCD, até pode não parecer ter vindo para destruir nada; e, se fossemos a negligenciar a importância da destruição para a inovação, poderíamos dar aqui um belo exemplo do "enviesamento-da-introdução-de-algo-novo (the 'introduction-of-something-new’ bias)", alegando que tal enviesamento é na verdade o fruto maduro da evolução no reino das ideias, argumentando que, se assim não fosse, não seria verdade que os "estudos clássicos (classical studies)" sobre inovação "exploram a noção Schumpeteriana de destruição criativa (explore the Schumpeterian notion of creative destruction)" e os estudos mais "contemporâneos (contemporary)" se debruçam sobre a noção de "transição tecnológica, inovação social ou inovação reativa", apenas havendo um espaço para consenso perante "a ideia de que a inovação consiste na introdução de algo novo (the idea that innovation is the introduction of something new)" (Goulet e Vinck 2017, 97-98). Contudo, tal não é o caso, pois apesar de toda a novidade trazida pela CHCD, como veremos em seguida, há uma dimensão destrutiva que lhe garante o título de inovação no sentido pleno da palavra, pois um dos fundamentais motivos por detrás da criação da CHCD passa mesmo pela necessidade de arrasar algumas das dificuldades com que se têm deparado, até agora, aquela/es que investigam sobre a história dos cristianismos na China.2: Inovação aberta, social e tecnológica Como veremos em seguida, a CHCD representa um excelente e multifário exemplo de inovação, quer no âmbito disciplinar em que se insere, quer no âmbito mais alargado da economia da investigação. Sem pretendermos esgotar todos os tipos de inovação passíveis de serem reconhecidos nesta conveniente e proveitosa plataforma em linha, iremos assinalar o carácter aberto, social e tecnológico da CHCD.2.1: Inovação aberta De acordo com Ron Basu (2015, 141-142), o conceito de inovação aberta, por muito simples que pareça ser, tem muito que se lhe diga, pois é preciso pensar muito bem sobre "o que abrir, como abrir e como gerir os problemas novos advindos de tal abertura (what to open, how to open it and how to manage the new problems created by that openness)". No âmbito da CHCD, abriu-se tudo—pois está tudo disponível em acesso aberto—, inclusivamente abrindo os ficheiros que contêm os dados para que a/os utilizadora/es os possam importar para plataformas alheias à CHCD ou mesmo à Neo4j (https://neo4j.com/), que é a plataforma gráfica de bases de dados, de código aberto, na qual a CHCD roda. Mas esta inovação poderia estar apenas formalmente aberta, sendo quiçá de muito difícil compreensão e utilização, o que implicaria que a inovação estaria, no fundo, fechada ao grande público. Tal não é o caso: trata-se mesmo de inovação aberta no sentido luzidio da palavra. A plataforma é fácil de entender, focando-se em transpor o conhecimento geográfico e as conexões entre os eventos, as instituições e as pessoas que conformam a base de dados em material gráfico de fácil leitura. A ideia é que quando alguém utilizar a plataforma não existam obstáculos ao entendimento do significado da informação apresentada. Ainda bem que é assim, porque caso contrário falar em abertura seria um embuste. A navegação também não é complicada, pelo que a CHCD veio reforçar a ideia de que as interfaces complexas não são sempre necessárias para que seja possível avançar para uma análise complexa. De facto, um excesso de complexidade, especialmente não sendo preciso, impediria a CHCD de fazer o pleno em matéria de inovação aberta. Assim, a plataforma em linha da CHCD—que obedece a uma programação visual minimalista de modo a manter a informação e as ferramentas que incorpora facilmente acessíveis a quem se interessar pela história dos cristianismos na China—constitui um excelente exemplo de como é possível inovar abertamente sem deixar pontas soltas.2.2: Inovação social É verdade que a inovação social pode ser considerada a partir de vários prismas (Christie e Prasad Chebrolu 2020; Sazesh et al. 2020; Davis 2021). Aqui, contudo, entendemos que uma inovação é social conquanto o empreendimento no seio do qual a inovação se dá apresente um carácter filantrópico. Sendo verdade que a CHCD não tem quaisquer fins lucrativos—não apenas por causa de estar disponível em acesso aberto, mas também porque não se envolve em negócios no domínio da publicidade—torna-se possível argumentar a favor do seu carácter filantrópico. De facto, é preciso agir por amor à humanidade—φίλος, uma das palavras gregas para amor, e άνθρωπος, que na mesma língua quer dizer humanidade—para se avançar com um empreendimento da envergadura da CHCD—que envolve um largo número de investigadora/es e instituições, e certamente um avultado investimento a nível de dinheiro—e nem sequer equacionar a obtenção de lucros, em sentido pecuniário. Trata-se, a CHCD, de uma inovação no âmbito da economia da investigação que promete ser ainda mais rentável do que muitos outros—a nível de conhecimento—por se tratar de uma inovação social. 2.3: Inovação tecnológica Por muito que a inovação tecnológica represente "a conotação dominante e restrita (the restricted and dominant connotation)" adquirida pela noção de inovação no século XX, trata-se esta apenas de "uma das muitas conotações de inovação (one of the many connotations of innovation)" (Godin 2014, 197). Apesar disso, a ubiquidade da inovação tecnológica muito dificilmente pode ser contestada: até o circo—que "dentre a cornucópia de novidades produzidas pela era industrial (among the cornucopia of novelties produced by the industrial era)" apenas, se bem que "quase instantaneamente (almost instantly)", se apropriou da bicicleta—assimilou recentemente "um elevado número de outras inovações tecnológicas que modificaram a sua infraestrutura (a large number of other technological innovations which modified its infrastructure)" (Bouissac 2010, 72-73). No âmbito da economia da investigação, incluindo os sectores da história, a inovação tecnológica passa pelo aproveitamento de potencialidades tecnológicas ainda não exploradas para a produção e valorização do conhecimento, como seja ao longo dos processos de investigação, nos formatos das produções ou na divulgação de resultados. A CHCD representa uma mais valia para a produção de conhecimento sobre a história dos cristianismos na China, acima de tudo porque abre novos horizonte para investigações que pretendam abranger largos períodos temporais, várias áreas geográficas, dados recolhidos em fontes originalmente em diversas línguas e informação referente a instituições, pessoas e eventos relacionados, inter alia, aos vários cristianismos. Tal não é de desprezar, pois embora as estruturas organizacionais protestantes, ortodoxas e católicas sejam realmente diversificadas, a arquitetura flexível da base de dados da CHCD possibilita que tais estruturas sejam documentadas e examinadas conjuntamente, o que constitui tarefa difícil e raramente levada a cabo nas investigações sobre os cristianismos na China. De acordo com Juma (2016, 5), "é discernível que o ritmo da inovação tecnológica é rápido (the pace of technological innovation is discernibly fast), o que gera uma "ansiedade intensa que origina esforços no sentido de fazer abrandar a adopção de tecnologia (intense anxiety leading to efforts to slow down the adoption of technology)". Se o que Juma disse é verdade, então podemos dizer que as pessoas e instituições por detrás da criação da CHCD dão mostras de saber lidar muito bem com altos níveis de ansiedade, pois esta não os impediu de avançar com uma iniciativa absolutamente ímpar no âmbito da investigação e da valorização do conhecimento voltadas para a história dos cristianismos na China.3: Palavras finais A história dos cristianismos na China poderia continuar a ser estudada sem a CHCD? Certamente que sim. Continuaria alguém a querer fazê-lo? Seguramente que sim. Então, a CHCD não serve para nada? Aproveitar o lanço e dizer novamente que sim levaria a uma conclusão semelhante à de quem dissesse que, mesmo sem a invenção dos aviões, as pessoas teriam continuado a poder ir de Portugal até à China—de barco ou até a cavalo—, e que por isso os aviões não servem para nada. Ora, quer-nos parecer que a CHCD está para este sector da história—o estudo do passado cristão da China—como os aviões estão para as viagens entre o sul da Europa e a Ásia oriental, permitindo fazer investimentos que serão bastante rentáveis no âmbito da economia da investigação. As métricas na investigação ainda não conseguem ombrear com as grandes bolsas de valores de outros ramos da economia, mas não é por isso que no seio da economia da investigação a competição é menos feroz; e, também no âmbito desta, os sectores que não vierem a inovar irão, ironicamente, passar à história.4: Bibliografia de apoio Basu, Ron. Managing Projects in Research and Development. Farnham, Surrey, England e Burlington, VT: Gower, 2015. Blok, Vincent. «Philosophy of Innovation: A Research Agenda». Philosophy of Management 17, n. 1 (1 de Fevereiro de 2018): 1–5. https://doi.org/10.1007/s40926-017-0080-z. Bouissac, Paul. Semiotics at the Circus. Semiotics, Communication and Cognition 3. Berlin e New York: De Gruyter Mouton, 2010. https://doi.org/10.1515/9783110218312. Christie, Neha, e Shambu Prasad Chebrolu. «Creating Space for Women Leadership and Participation Through Innovative Strategies: A Case of Tribal Women’s Dairy Cooperatives in Gujarat». Em Cooperatives and Social Innovation: Experiences from the Asia Pacific Region, editado por D. Rajasekhar, R. Manjula, e T. Paranjothi, 235–47. Singapore: Springer, 2020. https://doi.org/10.1007/978-981-15-8880-8_16. Davis, Grace. «Comparative Job Skill Development Initiatives in Northwest Arkansas and Barcelona». Management Undergraduate Honors Theses, 1 de Maio de 2021. https://scholarworks.uark.edu/mgmtuht/10. Godin, Benoit. Innovation contested: the idea of innovation over the centuries. Routledge studies in social and political thought. New York, NY: Routledge, 2014. Goulet, Frédéric, e Dominique Vinck. «Moving towards Innovation through Withdrawal: The Neglect of Destruction». Em Critical Studies of Innovation, editado por Benoît Godin e Dominique Vinck, 97–114. Cheltenham, UK e Northampton, MA, USA: Edward Elgar Publishing, 2017. https://doi.org/10.4337/9781785367229. Juma, Calestous. Innovation and Its Enemies: Why People Resist New Technologies. New York: Oxford University Press, 2016. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780190467036.001.0001. Peirce, Charles S. Collected Papers of Charles Sanders Peirce. Editado por Charles Hartshorne, Paul Weiss, e Arthur W. Burks. 8 vols. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1931. Sazesh, Alireza, Ruhollah Samiei Samiee, Parviz Saeedi, e Mahmoud Reza Mostaghimi. «Designing a Model of Social Innovation and the Effect on the Behavior and Mental Health of Citizens». Razi Journal of Medical Sciences 27, n. 7 (10 de Outubro de 2020): 120–29. http://rjms.iums.ac.ir/article-1-6363-en.html.
Este exercício foi elaborado por Robert Junqueira no âmbito da Unidade Curricular de Negociação, Avaliação e Elaboração de Candidaturas da Pós-Graduação em Gestão e Políticas de Ciência e Tecnologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, ministrada por Filipa Borrego, João Cortez e Margarida Trindade.1: Âmbito Temático2: Propósito3: Elegibilidade3.1: Candidata/os3.2: Propostas4: Financiamento5: Processos5.1: Candidatura5.2: Avaliação6: Recurso7: BibliografiaA fim de estimular a qualidade e o impacto dos projetos de investigação sobre a Idade Latina na área das Humanidades, a Agência Executiva do Conselho Europeu de Investigação (CEI) irá proceder ao lançamento do «Concurso Europeu na Área das Humanidades: a Idade Latina como Fonte de Respostas às Interrogações Prementes da Atualidade».1: Âmbito TemáticoPor Idade Latina entende-se, aqui, o período da história das ciências e culturas na Europa compreendido entre 354, o final da Idade Antiga, de expressão predominantemente grega, e 1644, a ascensão da Idade Moderna, de expressão multilinguística e inovador critério de cientificidade (cf. Deely 2001, 2010 e 2020). A datação é apresentada de forma tão precisa porque carrega um caráter simbólico, apresentando como ponto de partida o nascimento de Agostinho de Hipona e como fronteira última o ano de publicação dos Princípios de Filosofia de René Descartes e a morte de João de São Tomás. A Idade em que se originaram as chamadas Artes Liberais—o quadrívio da aritmética, geometria, astronomia e música mais  trívio da gramática, dialética e retórica, formando o cânone educativo que recebeu, no coração da Idade Latina e muito graças a Hugo de São Vítor, também as ditas Artes Técnicas, como sejam a carpintaria e a agricultura (cf. Lagerlund 2019, 36)—tem sido relegada para a escuridão que naturalmente se reserva a uma extensão temporal que se tem depreciado com o título de Idade das Trevas. A busca pelo controlo e por possibilidades de exploração desmesurada de recursos naturais e humanos por parte da própria humanidade, que se acentuaram na Idade Moderna com a evolução da técnica e o estabelecimento, desenvolvimento e instrumentalização de doutrinas científicas baseadas na experimentação, desembocou nos séculos XX e XXI numa realidade que apresenta dois rostos que destoam: por um lado, herdámos um mundo infestado de necessidades às quais urge acudir; por outro, foi-nos legada a competência científico-técnica para que a resposta às urgências do agora seja sustentada em conhecimentos consistentes e aprofundados. Contudo, os excessos da secularização moderna—seguramente alimentados mas nunca justificados pelos da Inquisição—levaram quase ao oblívio completo do legado proveniente de várias geografias ao longo de um período de tempo que abarca cerca de 1290 anos, Idade em que para além de abusos e erros foi também forjado um quadro intelectual que visa justificar a coexistência pacífica de esferas relativas—como sejam diferentes personalidades, povos e culturas ou também a fé e a razão—, tal como o quão desacertado é proceder à interpretação das diferentes esferas sem reconhecer-lhes uma autonomia hermenêutica relativa (para uma interessante leitura sobre este tema e sobre o papel central desempenhado pela tradição arábico-islâmica veja-se Deely 2001, 186-193 e Carvalho 2020, 10; 37). Importa, ainda, notar que não é apenas no âmbito das relações entre personalidades, povos e culturas que poderá a recuperação da Idade Latina ser valiosa: também para o pensamento que no presente é dedicado à relação entre a humanidade e o meio ambiente poderemos encontrar na Idade Latina uma interlocução à altura: na Idade Latina, lembrou Deely (2001, 72), já se reconhecia que não existem indivíduos senão em relação com o seu ambiente, este que é elemento incontornável no próprio ser de cada qual.2: PropósitoEste programa visa financiar projetos centrados em temas, tradições e autora/es da Idade Latina, por forma a colocá-los diante dos desafios da contemporaneidade. Os projetos devem buscar contribuir para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) sejam melhor compreendidos, transmitidos e alcançados. Os projetos deverão, preferencialmente, abordar questões sobre a forma como que a herança da Idade Latina nos pode ajudar a erradicar ou a pensar a erradicação da pobreza e da fome, garantir ou pensar a saúde e educação de qualidade, igualdade de género, a ecologia, a dignidade humana, as desigualdades, as cidades, a sustentabilidade, o valor da vida, a paz, a justiça e o lugar das instituições. Assim, as Humanidades serão estimuladas a contribuir para que seja dada uma resposta às interrogações mais prementes da atualidade. Para além disso, a mobilidade de investigadora/es em princípio de carreira na área das Humanidades será estimulada no seio da UE. Prevê-se que este concurso fomente a reabilitação de importantes momentos de uma época suprimida do conhecimento comum, dissipada pelo passado fora e abafada ao longo da Idade Moderna. A finalidade principal deste concurso consiste, portanto, em financiar um conjunto notável de investigadore/as talentosa/os empenhados na divulgação da vasta densidade da Idade Latina enquanto inexaurível fonte de orientação para fazer face, com um olhar voltado para o porvir, às inquietações da contemporaneidade. 3: Elegibilidade3.1: Candidata/osApesar deste concurso ser designado de "Concurso Europeu", apenas candidata/os nacionais dos 27 Estados-membros independentes da União Europeia poderão concorrer. No âmbito das candidaturas individuais será dada preferência a jovens investigadora/es talentosa/os em princípio de carreira que tenham concluído o Doutoramento no máximo há 3 anos, se bem que serão elegíveis toda/os a/os candidata/os que tenham concluído o Doutoramento há menos de 10 anos, i.e., no ano fiscal de 2011. A preferência dada a jovens investigadora/es talentosa/os em princípio de carreira que tenham concluído o Doutoramento no máximo há 3 anos materializa-se na limitação de 7 pacotes de financiamento individual a projetos apresentados por candidata/os que apresentem esse perfil. Serão elegíveis toda/os a/os candidata/os independentemente da sua proveniência e género, mas será estimulada a equidade e a interação, por via da atribuição de 7 pacotes de financiamento exclusivamente voltados para projetos mistos. Estes projetos devem ser mistos na medida em que as candidaturas devem ser apresentadas conjuntamente por uma investigadora e um investigador com diferentes nacionalidades e proveniências institucionais distintas.3.2: PropostasOs projetos devem enquadrar-se em alguma das áreas das humanidades ou nos seus cruzamentos. Será dada preferência a projetos que incluam ou se insiram no desenvolvimento de investigação sobre o período tardio da Idade Latina nas áreas da filosofia, da geografia, da história e da linguística, tal como a projetos que se debrucem sobre a contribuição de filósofas de qualquer proveniência, etnia, credo e cultura tal como da filosofia arábico-islâmico para a atualidade e o diálogo científico e cultural na Idade Latina. Os pacotes de financiamento são concedidos numa perspectiva do topo para a base, pois os projetos devem procurar contribuir para que os ODS da ONU sejam melhor compreendidos, transmitidos e alcançados. Serão imediatamente rejeitadas todas as propostas que não declarem expressamente a relação entre a investigação a desenvolver e os ODS da ONU. Os projetos individuais devem prever duas fases de desenvolvimento a serem levadas a cabo em duas instituições sediadas em países distintos daquele do qual a/o candidata/o provém. As candidaturas aos pacotes de financiamento para projetos mistos devem ser apresentadas por uma candidata e um candidato que pretendam levar a cabo, em conjunto, um projeto de investigação em duas fases, em instituições sediadas em dois países diferentes daqueles de onde a candidata e o candidato são provenientes. Todas as instituições envolvidas (de proveniência e de destino) devem estar sediadas num dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), podendo ser instituições de investigação públicas ou privadas. A duração dos projetos deverá ser superior a 32 meses e inferior a 37 meses, e deverão ter início dois meses após a publicação dos resultados da avaliação.4: FinanciamentoPrevê-se a atribuição de um total de 5.100.000€, distribuído em 27 pacotes de financiamento: 20 para candidaturas individuais (150.000€ para cada projeto financiado) e 7 para candidaturas mistas (300.000€ para cada projeto financiado). Caso não haja 7 candidaturas mistas acompanhadas de uma avaliação positiva, cada um dos pacotes de financiamento remanescentes será repartido em 2 pacotes de financiamento para projectos individuais e cada um dos pacotes de financiamento resultantes será atribuído a outros projectos individuais qualificados com uma avaliação positiva. Os pacotes de financiamento serão concedidos a/os investigadora/es diretamente mas de forma faseada, sendo o total do financiamento a atribuir dividido pelo número de meses da duração do projeto. No caso dos projetos mistos, o pacote de financiamento será concedido ao par mas adjudicado separadamente, pelo que cada participante do projeto receberá o valor correspondente ao de um pacote de financiamento para projetos individuais. Cada investigador/a poderá beneficiar de um financiamento suplementar de 1500€/ano para estadias e deslocações para qualquer país do mundo. A atribuição do subsídio para deslocações/estadia será feita na forma de reembolso e exigirá que o/a investigador/a apresente um requerimento para o efeito, acompanhado de uma justificação, a apresentar ao CEI nos meses de janeiro ou fevereiro do ano fiscal imediatamente a seguir ao da contração das despesas. Caso o painel de avaliação da CEI considere que a fundamentação carece de sentido, o requerimento será indeferido, sem possibilidade de recorrer da decisão do painel.5: Processos5.1: CandidaturaEsta é a primeira edição do Concurso Europeu na Área das Humanidades: a Idade Latina como Fonte de Respostas às Interrogações Prementes da Atualidade, que decorrerá anualmente por tempo indefinido. Para que a candidatura seja validamente lacrada, os formulários oficiais, o projeto de investigação e os documentos suplementares, que incluem a carta de aceitação das instituições-destino, a carta de motivação e todos os documentos pessoais listados no regulamento, deverão ser incluídos. A candidatura deverá ser lacrada até ao dia 31 de agosto, e os resultados serão publicados a 31 de outubro (validação das candidaturas) e 31 de dezembro (avaliação das candidaturas). As chamadas foram publicadas nesta página, na página do CCI, no portal de Financiamento e Concursos da Comissão Europeia e enviadas por via eletrónica para todas as Unidades de I&D na área das Humanidades sediadas na UE. Candidata/os deverão ler a chamada atentamente e redigir uma proposta original. Não serão aceites projetos que se limitem a propôr um aprofundamento de temas já antes tratados por si ou por outrem, a não ser que o façam em resposta ao ODS número 4, procurando não só ir mais fundo na investigação mas também tornar os seus resultados acessíveis gratuitamente numa plataforma em linha num formato adequado para que constituam uma oferta de aprendizagem ao longo da vida ou voltada para crianças com menos de 12 anos de idade. Recomenda-se que a/os candidata/os se familiarizem atempadamente com o serviço para a submissão de propostas da UE e submetam as suas propostas tão cedo quanto lhes seja possível. Assim que o fizerem, será enviado um email para o endereço facultado no formulário com o documento unificado da candidatura que será apreciado pelo painel de avaliação, incluindo os anexos. Nenhuma proposta poderá ser apresentada ou alterada uma vez ultrapassada a data-limite; antes disso, as propostas submetidas poderão ser alteradas um número ilimitado de vezes por via do upload de um novo documento na secção "Projeto", o que levará à substituição do anterior documento pelo novo e ao envio de um novo email com o novo documento unificado da candidatura. No fim da fase de validação das candidaturas, o CEI informará toda/os a/os candidata/os sobre a validação ou não-validação das suas propostas, que poderão ou não avançar para a fase de avaliação das candidaturas por parte de um painel de especialistas externos ao CEI, recrutada/os por este. Apenas propostas validadas seguirão para o processo de avaliação por um painel de especialistas externos.5.2: AvaliaçãoAs propostas serão avaliadas por um painel internacional de especialistas externos ao CEI com base na excelência e na sua articulação com os ODS da ONU. O painel de avaliação irá apreciar e avaliar todas as propostas que passem da fase de validação de candidaturas. Na presente edição deste concurso, o orçamento e as tipologias dos pacotes de financiamento não sofrerão alterações, podendo ser alvo de aumento, decréscimo ou revisões em edições posteriores. A execução dos pacotes de financiamento fica-se pela atribuição dos mesmos, mas a não-execução dos projetos ou de parte destes levará à instauração de um processo visando a averiguação das causas. Em casos de não-execução parcial ou total dos projetos, poderá ser exigida ser exigida a devolução total ou parcial do financiamento por parte da/os candidata/os. O painel de avaliação será constituído por 54 membros, uma investigadora e um investigador especializada/os em temas da Idade Latina e provenientes de cada Estado-membro da UE, que serão selecionada/os pelo Conselho Científico da CEI com base na sua reputação científica. Os nomes dos membros do painel de avaliação serão tornados públicos na página Web da CEI apenas na data em que tenha sido dada resposta a todos os eventuais recursos.6: RecursoA/Os candidata/os dispõem da prerrogativa de interpor recurso perante as decisões tomadas pelo painel de avaliação nos casos do indeferimento imediato das propostas e na sequência dos resultados da avaliação. Para recorrer da decisão do painel de avaliação na fase de validação das candidaturas, a/os candidata/os deverão fazê-lo até 10 dias depois da publicação dos resultados, e receberão a resposta no decorrer dos 15 dias seguintes à interposição do recurso. O recurso na sequência dos resultados da avaliação deverão ser apresentados até 15 dias após a publicação dos resultados, e serão informados do resultado da apreciação do recurso no decorrer dos 20 dias após a interposição do mesmo. Todos os recursos serão apreciados por um painel de avaliação externo recrutado para o efeito pelo Centro Comum de Investigação (CCI). Por cada recurso, será enviado um despacho escrito para o CEI e para a/os candidata/os que apresentaram o respectivo recurso, a especificar e fundamentar a decisão, favorável ou não, do CCI. O CCI pode:i) considerar o recurso desprovido de mérito e sustentar a anterior decisão da CEI;ii) constatar que apenas erros irrelevantes ou inofensivos foram detectados no processo de atribuição de financiamento da CEI e, como tal, indeferir o recurso;iii) considerar o recurso meritório e poderáiii.i) proceder à inclusão da candidatura original, conforme apresentada, no processo de apreciação e avaliação da candidatura, sempre que esta tenha sido indeferida de imediato, o que não assegura a concessão do financiamento, antes permitindo que a proposta inicialmente indeferida seja novamente inscrita no processo de avaliação para efeitos de atribuição de financiamento;iii.ii) ou estipular as medidas necessárias, que poderão compreender, designadamente, a atribuição parcial dos fundos, uma nova avaliação das candidaturas ou quaisquer outras medidas previstas pelo CEI e pelo CCI para os casos de recursos meritórios apresentados posteriormente à publicação dos resultados da avaliação.7: BibliografiaEsta bibliografia não é uma lista de obras para a/os candidata/os do concurso, mas tão só a breve lista de obras que referi neste trabalho.Carvalho, Mário Santiago de. Falsafa. Breve introdução à filosofia arábico-islâmica. 2.a ed. eQuodlibet. Coimbra: Instituto de Estudos Filosóficos, 2020. https://doi.org/10.5281/zenodo.4420368.Deely, John. Four ages of understanding: the first postmodern survey of philosophy from ancient times to the turn of the twenty-first century. Toronto studies in semiotics. Toronto e Buffalo: University of Toronto Press, 2001. https://doi.org/10.3138/9781442675032.———. Medieval Philosophy Redefined as the Latin Age. 1st edition. South Bend, Indiana: St. Augustines Press, 2020. https://www.staugustine.net/our-books/books/medieval-philosophy-redefined-as-the-latin-age/.———. Medieval Philosophy Redefined: The Development of Cenoscopic Science, AD354 to 1644 (From the Birth of Augustine to the Death of Poinsot). Scranton, PA: University of Scranton Press, 2010. https://press.uchicago.edu/ucp/books/book/distributed/M/bo10192605.html.Lagerlund, Henrik, ed. Knowledge in Medieval Philosophy. The Philosophy of Knowledge: A History. London, New York, Oxford, New Delhi e Sydney: Bloomsbury Academic, 2019. http://dx.doi.org/10.5040/9781474258340.
Este breve resumo foi elaborado no âmbito da unidade curricular de Negociação, Avaliação e Elaboração de Candidaturas da Pós-Graduação em Gestão e Políticas de Ciências e Tecnologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A primeira parte do texto de Laudel (Laudel, Grit. «The art of getting funded: how scientists adapt to their funding conditions». Science and Public Policy, 2006, 489–504) foi apresentado aos colegas, por sugestão da Professora Doutora Margarida Trindade, pela Doutora Joana Cruz (até à p. 495) e o restante por mim, na forma apresentada infra. Algumas estratégias utilizadas pelos cientistas para se adaptarem ao ambiente de investigação são agora classificadas. A prática de investigação dos cientistas está “impregnada” por um “fluxo de escolhas” que ultrapassa mas inclui as decisões sobre o financiamento. Laudel analisa-as atentando às decisões tomadas no que diz respeito ao conteúdo da investigação. Segundo Laudel, algumas destas escolhas podem ser classificadas como estratégicas, pois determinam o curso da produção de conhecimento a médio prazo. Tais estratégias englobam escolhas sobre os problemas, os objetos/resultados e os métodos de investigação, assim como decisões em matéria de comunicação e colaboração, sendo direcionadas para aumentar a probabilidade de conseguir financiamento. Algumas estratégias são orientadas para a fonte de financiamento, e outras para o teor das investigações. Quanto a estratégias orientadas para as fontes de financiamento, Laudel distingue três tipos: apontar para fontes ‘fáceis’; apontar para ‘todas’ as fontes; e apontar para fontes ‘apropriadas’. Alguns padrões de ação que vários cientistas adotaram são, também, considerados por Laudel, nomeadamente: comercialização de resultados de investigação; transferência ilegítima de fundos de uns projetos para os outros (bootlegging); ir à boleia/parasitismo (free-/power-riding); e venda de serviços (ex: medições). Quanto a estratégias orientadas para o teor das propostas, Laudel distingue: adaptação a parceiros com fins lucrativos; esquivar-se de investigação que comporte riscos; esquivar-se de temas ‘quentes’/polémicos; optar por tópicos pré-determinados, seja do topo para a base, seja da base para o topo, seja por questões de viabilidade metodológica, ou por conta dos interesses das outras partes envolvidas. Por isso, conclui Laudel, os cientistas adaptam as suas propostas de forma mais ou menos radical com o fim de conseguirem financiamento, e tais adaptações nem sempre são entendidas como algo negativo, pois pode ocorrer que não se esquivem completamente dos seus interesses de investigação e se deparem com novas oportunidades para colaboração, como no caso de redes de investigação. Quanto aos efeitos que tais adaptações produzem na investigação, Laudel destaca a diversificação da investigação, o que inclui o surgimento de tópicos e resultados que, não fosse a aplicação de tais estratégias, não seriam programados. Em seguida, são identificados alguns aspetos relativos ao impacto do emprego de tais estratégias na produção individual do conhecimento: o desaparecimento da investigação de progressão lenta; a transição para a investigação aplicada; a dificuldade em inovar na investigação; o decréscimo da qualidade; e mudanças no caráter experimental/teórico da investigação. Tudo isto foi baseado em entrevistas que Laudel conduziu com cientistas ‘normais’ e cientistas ‘de topo’ que atuam na Alemanha e na Austrália, se bem que cientistas britânicos, o ecossistema científico da U.E. e dos E.U.A. também são referidos. Assim, percebe-se que Laudel discuta a credibilidade dos resultados que obteve. Contudo, afirma ter tido isso em conta desde o ponto de partida, pelo que dirigiu as entrevistas de modo a poder desconstruir “racionalizações retrospetivas superficiais”. No fim, excluiu testemunhos para os quais não conseguiu fornecer uma interpretação livre de ambiguidade. Laudel crê que os testemunhos que teve em conta são credíveis, e alega que, caso assim não fosse, seria de esperar que não houvesse tanta concordância entre as respostas de cientistas ‘normais’ e cientistas ‘de topo’, apesar de que há diferenças, como por exemplo ao nível do grau de disponibilidade para a adaptação dos projetos levada a cabo por ambos os grupos de cientistas quando procuram financiamento. Além do mais, afirma que, do ponto de vista empírico, há tantas razões (ou tanta falta delas) para acreditarmos que os cientistas foram sinceros quanto para que acreditemos que não o foram. Um dos grandes problemas que Laudel identificou, mormente na Austrália, foi o facto de que os cientistas dependem demasiadamente de uma só fonte de financiamento. As condições de obtenção de financiamento, sob a perspetiva de Laudel, levam a que as investigações arriscadas, as que fogem às modas, e as que implicam abordagens interdisciplinares são dificultadas. Laudel também refere que muito fica por fazer, lembrando que as categorias utilizadas para descrever as propriedades dos conteúdos da investigação científica são ainda demasiado confusos para que permitam captar diferenças subtis. Tal não impediu a autora de vislumbrar o facto de que as condições de obtenção de financiamento não obstaculizam todo o tipo de investigação a longo prazo, mas sim aquela que não produz resultados dentro dos prazos dos projetos individuais. De notar, também, é que a agilidade e flexibilidade que se exige aos cientistas na hora de projetarem o seu trabalho não corresponde a uma semelhante flexibilidade e agilidade na investigação propriamente dita. Muito pelo contrário, acabando a qualidade e o caráter inovador dos projetos por sair prejudicados. Mas a que se deverão todos estes constrangimentos? Segundo a autora, a comunidade científica tem sempre que agir sob condições em que os recursos são limitados, pelo que os membros são orientados para a seleção de tópicos e a conceção de projetos que a comunidade em geral considera necessários. É para isso, lembra Laudel, que existe a revisão por pares, que serve para ajustar as perspetivas de investigadores individuais àquelas da comunidade científica como um todo, tal como para que os projetos financiados sejam aqueles que pareçam mais promissores na ótica dos pares e que não impliquem aventuras como a de financiar um cientista para que trabalhe numa área que não é a da sua competência. Apesar de tais restrições parecerem bastante razoáveis, Laudel lembra que os grandes saltos na história da ciência parecem ter resultado de esforços mais ou menos fortuitos levados a cabo sob condições de extrema incerteza. Por isso, considera a autora que forçar os cientistas a adaptarem-se às modas leva a que posições heterodoxas sejam desconsideradas, estas que têm tido uma importância decisiva para o progresso da ciência. A autora diz que a autonomia dos cientistas, tidos individualmente, é posta em perigo não pelo estado, as forças armadas, ou os mercados, mas pela própria comunidade científica. Tal parece-nos uma visão simplista e, ademais, parcialmente falsa, pois se é à comunidade científica que é dado gerir os fundos e a sua distribuição, não depende, geralmente, dessa comunidade a quantidade de fundos a distribuir, tal como, muitas vezes, o estabelecimento de objetivos para a investigação. Já o dissemos: Laudel partiu de um conjunto de entrevistas para escrever este artigo. Se tal metodologia acarreta limitações, não deixou a autora de reconhecê-lo: sendo a adaptação dos projetos às necessidades de financiamento um processo gradual, os cientistas não estão, muitas vezes, conscientes de tais comportamentos, e tampouco do impacto dos mesmos na produção de conhecimento. Assim, sugere a autora apenas ter sondado a ponta do iceberg, tanto mais que os processos subconscientes de adaptação não podem ser estudados única e exclusivamente com recurso a entrevistas, e mesmo os processos que podem ser descritos desse modo devem ser tidos em conta com o maior cuidado. Assim, concluiu Laudel que as condições atuais de financiamento levam a que a investigação, vergada à competitividade, se limite a projetos de baixo risco, convencionais, baratos, de caráter aplicado e inflexível. Confirmou a autora, com este estudo, que é possível pensar as estratégias adaptativas adotadas pela comunidade científica na busca por financiamento, e que tal é passível de ser feito em geral, isto é, para além dos sistemas de financiamento particulares e independentemente de se tratarem de cientistas ‘normais’ ou ‘de topo’. Para além disso, este estudo permitiu a Laudel corroborar a ideia de que financiamento externo já não serve apenas para o estabelecimento de novas linhas de investigação; que tal financiamento desempenha uma função que já não se limita a permitir investigações extra, mas a investigação em geral; e que as idiossincrasias dos ambientes nacionais de investigação são colocados em cheque perante uma estandardização das políticas nacionais de ciência, o que leva a que os tipos de investigação (des)favorecidos sejam mais ou menos os mesmos por toda a parte. Tudo isto leva, remata a autora, a que projetos nos quais se procuram novas relações entre campos do saber, projetos espontâneos, criativos, de caráter inovador e interdisciplinar, projetos cujos resultados sejam difíceis de prever, tal como a liberdade dos investigadores para se lançarem em novas empreitadas, se tornem “espécies em vias de extinção” no ecossistema científico.
 Introduction   In dealing with innovation, naming it and hoping for it to be clear and distinct as to what is being referred to will not suffice. Figuring out in some way what innovation is may on its own assist any researcher or manager in discerning that whatever pre-set arrangements or dogmas she/he comes across along her/his career are not holy or unchangeable, but rather potential sources of input that could be developed or exploited in more or less intelligent, innovative or even profitable ways.    How could it be better for researchers to grasp what innovation is than showing researchers the logical and precise way in which innovation is generated? As a result of such an understanding, scientists would acquire, at a derisory cost—i.e., by merely recognizing the formalized logical possibility of breaking new ground or bringing about new arrangements—, a huge benefit, namely that of managing to critically examine their activities, along with their respective methods and material resources, thereby finding renewed avenues to engage in their R&D areas, as well as to perform with a view to achieving innovative results. But is there a logical formula to innovate?    There is no reason not to begin by introducing something innovative to bring in the meaning of innovation. Take, as an example, the word "inno-duction." It is a very modest innovation, but also very simple and therefore prone to serve, with all due care, to the present purpose. After being decomposed, both "inno-vation" and "intro-duction" formed the word "innoduction."Development    This could have been the first time ever that the word "innoduction" appeared. It certainly was not, as \citealt{eekels_fundamentals_2000,eekels_fundamentals_2001} and others, such as Amaresh Chakrabarti \citealt{2002}, had already employed the word "innoduction," and did so in a far more significant way than that found above. They used the concept to refer to an alleged fourth sort of inference—that of innoduction, a logical formula for innovative thinking—beyond deduction, induction, and abduction.    Three sorts of inference are known by tradition: deduction (i), induction (ii), and abduction (or hypothesis, iii). The following are illustrations of the three sorts of syllogism:i) all the 'smiles' on the screen are 'emojis' and these 'smiles' are on the screen, so these 'smiles' are 'emojis;'ii) these 'smiles' are 'emojis' and these 'smiles' are on the screen, so all the 'smiles' on the screen are 'emojis;'iii) these 'smiles' are 'emojis' and all the 'smiles' on the screen are 'emojis,' so these 'smiles' are on the screen.    These (supra) are the three sorts of syllogism that we are all broadly conversant with. In deduction, conclusion has exact value, for it necessarily follows from the underlying assumptions. In induction, conclusion has probabilistic value, for it amplifies what would be the necessary conclusion of what would therefore be a deductive syllogism. For the example above (ii) to be a deduction, the conclusion would have to be that "at least some of the 'smiles' on the screen are 'emojis'."    Abduction, which may seem to the inattentive eye to be a mere case of "shooting in the dark," is logically worthwhile because it is not possible to "abduct" a fact without, invariably, facing two premises qualified to play the roles of conclusion and of one premise of that which would be—were the conclusion of the abduction the missing premise to complete the triad—a deductive syllogism. Thus, the conclusion of the abduction is a logically surprising fact, yet it does not constitute a logically inexplicable or ridiculous move.    As suggested by \citealt{cramer-petersen_reasoning_2019}, but few before Eekels have employed the term "innoduction," which perhaps was not forged yet in the early 1990s, when \citealt{Roozenburg_1993} established the distinction between "explanatory" and "innovative" abductive inferences or, in other words, abduction and innoduction.    Naming this document in such a way—though it is a fact that the employment of the word "innoduction" did not constitute, in itself, a lexicological sort of breakthrough—was instrumental in providing a rough representation of what is conventionally meant by innovation: bringing about new arrangements or breaking new ground.    There has not been a duplication of the finding of the word, let alone the concept of innoduction. But even if it involved a duplication, not of the innovation, of course, but rather of the discovery of the word, it should be noted that there is nothing to be discouraged about. When portraying scientific landscapes, room should be made for the wise guidance provided by  \citealt{ramon_y_cajal_advice_1999}, who found it invaluable to run the risk of duplicating findings, rather than dropping all efforts to carry out further research.    In no rightful way can inquiry be blocked, whatever the degree of probability of confirming either this or that hypothesis, unless there is no longer any doubt. As \citealt{peirce_writings_1986} said in 1872, it is because uncertainty persists that the inquiry itself continues. By the time the doubts are dispelled, the inquiry can no longer last. In the Peircean sense, as \citealt{deledalle_charles_1990}  taught, the "irritation of doubt" triggers thoughtfulness, but there is a chance to settle down and attain belief, meaning what puts a limit to doubt.    However, that is not the case here, because treating the subject of this essay continues to overload the mind with uncertainties, much beyond what would be reasonable in delineating a course of inquiry. Whenever this is so, the mind becomes apathetic or way too clingy, overburdened by the universe where it is in, and its snout can be seen guiding its wide-eyed gaze in the face of an empty, nude void, akin to that of Goya's Drowning Dog \cite{semihundido}.Conclusion     The proposal here consisted only of the presentation of and commentary on the question about the existence of a logical formula for producing innovation. If such a formula, or innoductive syllogism, should prove to be effective, certainly it should be of the utmost concern for managers and researchers, just as for the overall population, to address it properly.    It could be that a community of researchers and managers aware of such a formula would be in a better position to produce and transmit the know-how about and based on such a formula, as well as to develop the appropriate expertise and flexibility to cope with a possibly disruptive impact on society at large, as a new age in the production of scientific and technological outputs would certainly be upon the horizon.    Consequently, a reality would have to be faced in which there would be no reason to seek hopelessly for innovative solutions to meet the scientific and societal challenges. Rather than trying to hit the target of innovation, managers and researchers in general would have to commit more diligently to the processes of harvesting, sorting, compiling, and commenting on the relevant resources, as well as to acquiring a sense of the value of these activities, to which others, such as translation and transliteration, could be appended.    Should a straightforward logical formula crack open the floodgates of a river brimming with innovative results, or should there be an explosion of innovation, there is no doubt that it would be needful to learn how to navigate the stormy waters that would be found in the science, technology and innovation ecosystem.    Likewise, it would be better to resist tempting and megalomaniac tendencies towards excessive aggregation of data and resources. This was a real challenge during the Renaissance, a time when researchers were looking to backup data, resulting in a growing datobesity throughout the period. Being aware of the loss of old works played a key role in determining the agenda of the Renaissance. Further and further available data streams signalled nothing but the pressing need to get to work.    The urge to collect data certainly led people other than Theodor Zwinger, the editor of Theatrum Humanae Vitae, to launch themselves into frenzied ventures, to say the least. Still, such ventures could not be put down for free to the folly, obsession, or madness of some fools. In fact, as \citealt{deuff_digital_2018}  said, the compilers felt comfortable in doing as they were doing. They believed that they were contributing to some common good.    It would certainly be challenging to manage a burst of innovation stemming from a generalized application of innoduction.  However, is there really such a logical formula to break new paths?