INTRODUÇÃO Doença de Alzheimer A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa que surge, em geral, após a sétima década de vida, e acarreta alterações cognitivas como déficit de memória episódica, nomeação e outros déficits de linguagem, habilidades visuo-esoaciais, praxias e funções executivas. Estima-se que, em todo o mundo, mais de 27 milhões de pessoas sofram de DA . E é a principal causa de demência na população idosa, responsável por cerca de 60 a 70% de todas as demências. Sua prevalência tem aumentado progressivamente devido, uma das causas é o envelhecimento da população mundial. A prevalência da doença dobra, a cada 5 anos, em média, passando de 1% aos 60 anos e chegando a mais de 40% da população com mais de 85 anos de idade . Com o avanço tecnológico e científico, a expectativa de vida média vêm aumentando a cada ano, e estima-se que em 2050 serão cerca de 100 milhões de casos da DA em todo o mundo . Existem alguns fatores de risco conhecidos para a DA de início tardio, como idade, doenças vasculares e fatores genéticos como a presença do alelo ϵ4 da apolipoproteína E(APOE4), uma proteína carreadora de colesterol envolvida no metabolismo das placas neuríticas (PN) . Existem 5 alelos para a APOE, numerados de ϵ1 a ϵ5, sendo o mais comum o ϵ3 (cerca de 90% da população caucasiana com 1 alelo e 60% com 2 alelos), o ϵ2, cuja presença pode conferir proteção contra o depósito de peptídeo β-amilóide (βA) e o ϵ4, com cerca de 30 % da população com 1 alelo . Do ponto de vista anátomo-patológico, as PN e os emaranhados neurofibrilares (ENF) são as características mais marcantes da DA. O estudo da fisiopatologia do βA levou ao desenvolvimento de novas propostas terapêuticas, como a inibição da atividade das enzimas γ e β-secretase e/ou estimulação da atividade da α-secretase, ou ainda, imunoterapia com anticorpos anti-βA. Porém, apenas o depósito do βA não explica toda a fisiopatologia da DA, além de apresentar pouca correlação com a gravidade da demência , . Os ENF contém FHP originados da hiperfosforilação da proteína tau. Algumas áreas cerebrais são mais vulneráveis a esse processo patológico, como os hipocampos e os córtices frontais. É comum ocorrer nessas regiões FHP contendo proteína tau anormalmente fosforilada, de peso molecular maior que o habitual, conhecida como proteína associada a DA . Esse fenômeno pode justificar a maior correlação clínica dos sintomas cognitivos com a presença dos ENF. Existem outros fatores causais para a DA, como resposta inflamatória local, disfunção mitocondrial, alteração de neurotransmissores secundária a perda dos neurônios colinérgicos do núcleo basal de Meynert e serotoninérgicos dos núcleos da rafe, além de perda sináptica precoce. Essa perda sináptica é a variável neuropatológica com maior correlação com o grau de demência . Dessa forma, DA possui múltiplas causas, e é possível que cada um desses fatores fisiopatológicos contribua de forma diferente para a origem dos sintomas cognitivos. É possível que em um futuro próximo, a DA poss ser tratada precocemente, levando em conta o perfil genético e molecular de cada indivíduo. Desse modo, um dos ramos mais ativos na pesquisa sobre DDA hoje é baseado na busca de biomarcadores que possam antecipar seu diagnóstico, e espera-se que em um futuro próximo haja terapias farmacológicas que possam interromper sua progressão. Neste contexto, surgiu o conceito de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), que é o termo clínico usado para pacientes com alterações cognitivas, porém sem prejuízo significativo em atividades diárias (ou seja, sem que sejam preenchidos critérios para diagnóstico de demência) . Embora não haja um critério universalmente aceito, a maioria dos pesquisadores considera necessários: uma queixa cognitiva, comumente memória episódica e preferencialmente confirmada por uma pessoa próxima; comprometimento cognitivo objetivo, com desempenho inferior em testes neuropsicológicos quando comparados a pessoas da mesma faixa etária e escolaridade; Além de atividades de vida diária preservadas ou minimamente comprometidas.